Hoje eu
precisava juntar as palavras para dizer mais o que sinto e talvez não consiga
olhando para você. Eu abaixo a cabeça e engasgo. Temos um pacto e o que nos
une, mais do que o tesão, o carinho, a admiração mútua, é a verdade. É bem
verdade que o destino nos pregou uma peça e vem nos mostrando um jeito
diferente (trôpego, eu sei) de seguir (um passo de cada vez, eu lembro).
A
Patrícia além das redes, poucos conhecem (obrigada por dizer que me conhecer
melhor é um privilégio). Eu sempre lutei pelo o que quis, pela minha formação,
pelas minhas coisas, pelo meu canto. Para ser. Para ser estabanada,
independente e livre. Para reconhecer meus acertos e os meus erros, para lidar
com minha mania de organização (quem diria?), meus impulsos e meus horários
atrapalhados. Nunca durmo o suficiente (pouco ou muito), me alimento bem e
cumpro a primeira meta dos novos calendários (sim, malhar). Eu digo que estou
bem, me entupo de remédios e espero a dor passar. Às vezes o que mais dói é
suportar a carga de ser a mulher imbatível da tela azul, eu me dou o direito de
descansar o uniforme e agachar até... você me oferecer a mão para levantar. Me
lembrar que sou mulher e que se eu não lutar vão me pisar. Tomo impulso e volto
mais forte. O seu olhar me diz que não estou sozinha.
Eu
adoro ficar sozinha como estou agora, ouvindo música, escrevendo. Muitos ratos
já entraram aqui e não deram conta da leoa que sou. Sou a dona do reino, o Jan
me disse. O Jan é a minha extensão, soube me dizer o que eu precisava ouvir e
garantiu o melhor presente de aniversário. O que ele não sabe é que eu me dei
para você. Logo eu, que me fechei para o mundo depois de tantas escolhas
erradas. Fechei? Eu me abri para uma nova possibilidade. Eu abri e você entrou.
No meu apartamento, na minha vida. Você entrou e diz que só sai se eu quiser.
Dos dois.
Eu
gosto de você, eu gosto de verdade, eu gosto cantando que acho que gosto mesmo de você, bem do jeito que você é. Aos poucos sei mais do seu passado, do seu
presente, da sua família, dos seus amigos, dos seus amores.
Não
tinha como evitar, aconteceu, aconteceria.
Você é
uma pessoa tão terna (alguém já te descreveu como terna?) desse jeito ogro, tão
determinada, que me deixa boba. Como pode alguém viver nos extremos, ter os
mesmos defeitos que eu e não me causar repulsa? Nós somos tão iguais e
diferentes ao mesmo tempo que isso buga a minha cabecinha. Temos vinte e
poucos, vinte e muitos anos e vidas igualmente atarefadas, ritmos diferentes
(você sempre me acordando, me apressando) e a mesma vontade de estar junto. Eu
só te quero perto, eu amo quando nossos perfumes se misturam e não queria
devolver a camisa que você esqueceu aqui. Eu dormi agarrada nela, sonhando com o
dia que vou dormir e acordar ao seu lado.
Eu com
minhas caras, bocas, fotos, livros. Você com seu ciúme guardado (eu não posso
ter ciúme, eu não posso ter ciúme, repetia como um mantra), sua vida dupla e o
seu jeito único de enfrentar o mundo. Eu acredito que o que sentimos quando nos
beijamos é muito forte. Eu sei que te quero porque me sinto uma pessoa melhor.
Você esvazia minha mente pilhada, meu coração sujo, remenda a minha fé quando
apoia o seu crucifixo contra o meu peito. Você entrou e ocupou o espaço. E
fica. Eu volto a citar Caio Fernando Abreu no meu blog novo: “Não importa
quanto vá durar - é infinito agora”. Caio, Caio... Se pudesse me ver... Eu estou com
os olhos marejados e com a sensação que o universo inteiro cabe em mim. E pra
mim, a melhor hora é quando ouço: Abre o portão, eu estou chegando.
Eu retribuo o sorriso. Eu correspondo ao abraço. Eu digo sim. Eu quero sim. Eu sinto sins. Caio F
Eu retribuo o sorriso. Eu correspondo ao abraço. Eu digo sim. Eu quero sim. Eu sinto sins. Caio F