sábado, 29 de abril de 2017

Sem mimimi, tá, você detesta isso.

Hoje eu precisava juntar as palavras para dizer mais o que sinto e talvez não consiga olhando para você. Eu abaixo a cabeça e engasgo. Temos um pacto e o que nos une, mais do que o tesão, o carinho, a admiração mútua, é a verdade. É bem verdade que o destino nos pregou uma peça e vem nos mostrando um jeito diferente (trôpego, eu sei) de seguir (um passo de cada vez, eu lembro).
A Patrícia além das redes, poucos conhecem (obrigada por dizer que me conhecer melhor é um privilégio). Eu sempre lutei pelo o que quis, pela minha formação, pelas minhas coisas, pelo meu canto. Para ser. Para ser estabanada, independente e livre. Para reconhecer meus acertos e os meus erros, para lidar com minha mania de organização (quem diria?), meus impulsos e meus horários atrapalhados. Nunca durmo o suficiente (pouco ou muito), me alimento bem e cumpro a primeira meta dos novos calendários (sim, malhar). Eu digo que estou bem, me entupo de remédios e espero a dor passar. Às vezes o que mais dói é suportar a carga de ser a mulher imbatível da tela azul, eu me dou o direito de descansar o uniforme e agachar até... você me oferecer a mão para levantar. Me lembrar que sou mulher e que se eu não lutar vão me pisar. Tomo impulso e volto mais forte. O seu olhar me diz que não estou sozinha.
Eu adoro ficar sozinha como estou agora, ouvindo música, escrevendo. Muitos ratos já entraram aqui e não deram conta da leoa que sou. Sou a dona do reino, o Jan me disse. O Jan é a minha extensão, soube me dizer o que eu precisava ouvir e garantiu o melhor presente de aniversário. O que ele não sabe é que eu me dei para você. Logo eu, que me fechei para o mundo depois de tantas escolhas erradas. Fechei? Eu me abri para uma nova possibilidade. Eu abri e você entrou. No meu apartamento, na minha vida. Você entrou e diz que só sai se eu quiser. Dos dois.
Eu gosto de você, eu gosto de verdade, eu gosto cantando que acho que gosto mesmo de você, bem do jeito que você é. Aos poucos sei mais do seu passado, do seu presente, da sua família, dos seus amigos, dos seus amores.
Não tinha como evitar, aconteceu, aconteceria.
Você é uma pessoa tão terna (alguém já te descreveu como terna?) desse jeito ogro, tão determinada, que me deixa boba. Como pode alguém viver nos extremos, ter os mesmos defeitos que eu e não me causar repulsa? Nós somos tão iguais e diferentes ao mesmo tempo que isso buga a minha cabecinha. Temos vinte e poucos, vinte e muitos anos e vidas igualmente atarefadas, ritmos diferentes (você sempre me acordando, me apressando) e a mesma vontade de estar junto. Eu só te quero perto, eu amo quando nossos perfumes se misturam e não queria devolver a camisa que você esqueceu aqui. Eu dormi agarrada nela, sonhando com o dia que vou dormir e acordar ao seu lado.
Eu com minhas caras, bocas, fotos, livros. Você com seu ciúme guardado (eu não posso ter ciúme, eu não posso ter ciúme, repetia como um mantra), sua vida dupla e o seu jeito único de enfrentar o mundo. Eu acredito que o que sentimos quando nos beijamos é muito forte. Eu sei que te quero porque me sinto uma pessoa melhor. Você esvazia minha mente pilhada, meu coração sujo, remenda a minha fé quando apoia o seu crucifixo contra o meu peito. Você entrou e ocupou o espaço. E fica. Eu volto a citar Caio Fernando Abreu no meu blog novo: “Não importa quanto vá durar - é infinito agora”. Caio, Caio... Se pudesse me ver... Eu estou com os olhos marejados e com a sensação que o universo inteiro cabe em mim. E pra mim, a melhor hora é quando ouço: Abre o portão, eu estou chegando.

Eu retribuo o sorriso. Eu correspondo ao abraço. Eu digo sim. Eu quero sim. Eu sinto sins. Caio F